O Conservatório de Arte Circense trata-se de uma intervenção no quarteirão limitado pelas ruas Voluntários da Pátria (a leste), Conceição (a sul), pelo Largo Vespasiano Júlio Veppo (a oeste) e pela rua Garibaldi (a norte) que inclui um Circo, uma escola de arte circense, um albergue, uma galeria de lojas e uma grande praça que integra todos esses equipamentos.
A ideia nasceu da necessidade de um respiro cultural no entorno da rodoviária, hoje cercado por um caótico sistema viário que ignora os pedestres e a relação com o centro histórico de Porto Alegre. A criação este tipo de interações de uso misto também é pensada visando ao desenho de modelos de segurança e socialização.
Seguindo a continuidade de fachadas da rua Voluntários da Pátria propõe-se edifícios que seguem o limite do lote, havendo, no entanto, interrupções estratégicas para conexão entre a rua e a praça no interior do lote.
Pensando no caráter portuário da área, propôs-se um sistema estrutural metálico e leve, de fácil e rápida construção, remetendo aos antigos galpões que fazem parte da história do local. Ao nível da rua, as transparências convidam a vizinhança a observar e participar das atividades que acontecem no interior. Os visuais e os espaços públicos acessíveis conectam a obra com a rede física, social e cultural do contexto urbano. Todos os serviços ao público são facilmente acessíveis desde o nível da praça.
​
De pernas pro ar
Um conservatório de arte circense
2016.1
O edificio do circo reflete luz, sombra e transparência através de uma pele dupla exterior de alto rendimento. A envoltória em aço inoxidável perdurado envolve a estrutura do edifício, conseguindo um alto controle ambiental interior;
Na escola, a área destinada ao treino é envolvida por uma pele de vidro que revela a atividade criativa que acontece lá dentro. há, no terceiro pavimento, um acesso ao exterior que mantém o diálogo entre o edifício e a praça, ao mesmo tempo em que é ligado à horta urbana sobre a galeria de lojas por uma passarela.
O albergue, voltado para a rua Garibaldi, mantém o gabarito do hotel preexistente, guardando sua individualidade nas fachadas que ora estão envidraçadas (sobretudo nos trechos de circulação), ora são recobertas em chapas metálicas perfuradas.
Muito embora hoje esteja sendo usada em virtude das obras na Rua Garibaldi, a Rua Barros Cassal foi incorporada à praça, unindo os dois terrenos hoje em estado de degradação. É criado então um novo eixo que conecta a rodoviária à rua Voluntários da Pátria num percurso mais seguro e mais intensamente relacionado com o entorno urbano.
Em contrapartida, uma dimensão paralela à praça é construída a partir de uma rampa que a conecta com a cobertura do circo e proporciona aos transeuntes uma visão privilegiada do Rio Guaíba e dos edifícios patrimoniais do entorno. Essa atitude de restrição da forma, sucinta em volume e em superfícies curvas dialoga positivamente com o contexto de forte caráter histórico, de edifícios ornamentados de superfícies enfeitadas. O volume em forma de rampa aparece ali destacado pelo contraste e, cumpre com o convencionalismo de oferecer uma envoltória metálica que se presume neutral e não interfere com os ambientes patrimoniais onde se instala.